MULHER COM LEVE DISTURBIO EMOCIONAL fotos Portugal

 

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REGISTRO:  11.741

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reportagem

BARREIRO - «Caos Emocional» pelo «Projéctor»
Uma peça hilariante com tema para reflexão – a bipolaridade.

O «Caos Emocional» de Durval Cunha, com encenação de Luciano Barata, é uma comédia divertida, que proporciona uma noite agradável.
O Projéctor com esta sua 21ª produção mais uma vez, vem dar cartas e demonstrar como o Barreiro é uma terra de gente de teatro, que faz teatro por paixão e amor
A noite estava fria. A sala estava fria, mas, ali, sentiu-se o calor humano de homens e mulheres que sobem ao palco para se divertirem e divertirem o público.
É uma comédia que vale a pena ir ver, que proporciona uma noite hilariante e nos proporciona um tema sério para reflexão – a bipolaridade.

O espectáculo abre com uma cena, um diálogo de enquadramento que decorre entre a Cornélia (a mãe) e Altamiro ( o filho), que visa dar o pontapé de saída para abrir o caminho à história que se vai seguir…
Mas, esta é uma cena que pelo seu enquadramento cénico não deixa aos actores espaço para respirar que, até, por vezes, parece que estão com receio que os «biombons» possam cair.
É uma cena que pela dinâmica de conflitualidade que se cria entre os dois actores precisava de mais espaço e, talvez, pudesse decorrer com uma outra solução estética, sem necessidade daquele «biombo emplastro» que apenas impede os actores de se libertarem e darem mais força e gesticulação aos seus personagens.
Lilia Pinto e João Santos naquele curto espaço cénico parecem que estão «enjaulados», e, sem dúvida, precisavam de mais dimensão para «viver» as suas marcações e dar mais força àquela primeira conflitualidade psico-dramática.
São opções estéticas de encenação, mas, no caso, não parece que aquele enquadramento cénico seja algo que enriqueça ou valorize o espectáculo.
O telefone devia estar noutro local, não em cima da mesa de sala e em vez de ser um adereço quase que se torna um empecilho ( a sorte é ser sem fios).
Lilia e João estiveram muito bem e dentro das dificuldades de marcação naquele «cubículo cénico» conseguiram dar vida e força às suas personagens. Lilia Pinto revelou-as suas potencialidades.

Depois o espectáculo decorre em todo o palco, com mais dinâmica, com mais versatalidade. Este é o segundo tempo do espectáculo.
O cenário é marcado pela presença permanente do quadro «O Grito» de Munch, como um sinal simbóilico, que pretende dar a dimensão intelectual do texto e contexto – a obsessão, a bipolaridade, o drama psiquiátrico.
Ana Matos – Izildinha – também surge em cena com um avental onde o quadro de Munch está «impresso», como que sendo o quadro «O Grito» um fio condutor da criatividade do encenador, que desta forma procura levar o espectador a reflectir sopre o drama dos desesperos traumáticos e amorosos. Parece que é um elemento que está ali para dizer o não-dito.

A entrada de Filipa Domingos em cena dá ao espectáculo um novo ritmo. É uma actriz esplendorosa, com uma força que dá uma nova dimensão ao texto com uma forte expressão corporal, que coloca com intensidade, quer a ternura, quer a crueldade da personagem, com beleza e erotismo.
As interpretações de João Santos e Filipa Domingos são brilhantes, no lirismo, no sadismo, na plena libertação dos sentimentos das personagens.
Ana Matos cumpre e consegue sobreviver como personagem. ali, ao contracenar com a impulsividade de duas fortes personagens, que divertem, emocionam e retiram-lhe espaço, mas, diga-se, está adequada ao seu papel.

As cenas do tribunal e da Igreja voltam a ser de novo opção de encenação de colocar os personagens num «cubículo cénico», embora, de facto, nestas duas situações, por não serem exigidas muitas movimentações aos actores tudo decorre com mais normalidade.
Ficamos um pouco boquiabertos é pelo facto do casamento decorrer no adro da Igreja, no seu exterior, dado que a capela aparece como fundo cénico.
As interpretações são marcadas pela sinceridade dos actores que vivem os personagens de forma pura, com ritmo e sintonizados - João Capitão Mor, João Martinho e Manuel Graça estão positivos.
A encenação deste espectáculo revela uma procura de gestão do espaço cénico com alguma inovação, surgindo a encenação uma marca que pretende definir a temporalidade, o lugar, e, não pretendendo ser acessório acaba por ser um elemento orientador e unificador do texto e também o enquadramento psico-social.
No entanto, fica a sensação que ao quere dar-se na encenação a «autenticidade histórica», aquelas situações parecem emergir estereotipadas e convencionais, quando podia deixar-se ao espectador a possibilidade de imaginar o contexto, que emerge naturalmente da dimensão dos diálogos e da força das personagens.
O cenário parece que está a embrulhar a situação, quer no Tribunal, quer na Igreja.

A peça «Caos Emocional» é divertida. Os aspectos comentados de encenação são, obviamente, uma leitura.
A peça vale por si, pela sua dinâmica, pelo clima hilariante e, acima de tudo, porque nos fazer sentir, como nesta cidade, há pessoas que gostam de teatro e quando sobem ao palco nos proporcionam estes momentos de emoções, de reflexão, que nascem de muitas horas de dedicação e trabalho voluntário para, com dificuldades e pouco recursos, concretizar a montagem de uma peça que dá vida ao teatro e dá teatro à cidade.

António Sousa Pereira

SINOPSE

“Mulher com leve distúrbio emocional procura homem para relacionamento amoroso. Ótima situação financeira, podendo arcar sozinha com um possível matrimónio.”
É com o teor desta leitura, através de um simples jornal de anúncios, que se irá construir, entre mãe e filho, a base desta comédia e o seu fio condutor nesta trama.
Comédia, com semelhanças ao estilo do humor negro, onde se caracterizam e antagonizam interesses bem diferentes; com uma mãe (Cornélia) que estimula e impulsiona o seu filho (Altamiro) a realizar um bom casamento, com Suzamara que sofre de um distúrbio bipolar e que a faz alternar comportamentos extremos, levando-a a incorporar outras personagens, com personalidades bem bizarras; com a sua mãe (Izildinha) possuída por uma crise doentia, impulsiva, e paranormal que a move a utilizar meios violentos e ainda outros, que terminam indubitavelmente numa bandeja de croquetes…!
E mais não digo.
Por favor vejam a peça!
Luciano Barata

21ª Produção da Associação Projéctor - Companhia de Teatro do Barreiro

Ficha Técnica

Título – Caos Emocional
Autor – Durval Cunha
Cartaz e Encenação – Luciano Barata
Cenografia – Abílio Apolinário
Montagem de Cena – José Palácio ( Pépito)
Luz e Som – Fátima Pires
Produção – Maraia João Quaresma; João Martinho e Fátima Pires
Estreia – SIRB «Os Penicheiros» no dia 24 de Novembro de 2012, no âmbito da 2ª edição da Festa do Teatro do Barreiro

Personagens e Intérpretes

João Santos – Altamiro
Lilia Pinto – Cornélia
Ana Matos – Izildinha
Filipa Domingos – Suzamara
João Capitão Mor – Moto Boy e Juiz
João Martinho – Policia
Manuel Graça – Enfermeiro e Padre

Próximas Representações

A peça "Caos Emocional" vai estar em cena no dia 8 de Dezembro, pelas 21h30, e, no dia 9 de Dezembro, pelas 17 horas, na SIRB «Os Penicheiros».

Igualmente está agendada a sua presença na SFAL – Sociedade Filarmónica Agrícola Lavradiense, no dia 19 de Janeiro de 2013, pelas 21,30 horas.